sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ideia



A ideia perdeu o acento
eu não sei onde me sento
eu nem sei se sento
ou se permaneço em pé. 
Eu nem sei se acredito
Eu nem sei se mistifico
se critico,
se resvalo.
Resguardo, recrio...

Não, não posso recriar...
pois minha idéia não tem sentido.

Tornou-se ideia.

Sem acento. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O homem e a chuva...





Ele saiu sem guarda-chuva
Mas o dia estava tão cinzento,
Logo, logo iria chover...
Aquele mormaço agourento

Caminhou pela calçada,
Mãos nos bolsos, esperando.
Estava esperando a chuva.
A chuva fria.

E ela chegou.
Admirou-a, acariciou-a
E se deixou acariciar.
Enquanto todas as outras pessoas se escondiam.

Ele saiu sem guarda-chuva,
Sem proteção, sem preconceito.
Porque ele queria absorver a essência...
A essência primitiva e crua da chuva.

Apenas Um Beijo


Beija.
Boca vermelha de carmim cremosa,
Desenhada, pintada,
Só pra você.

Morde os lábios.
É sensual. A ti desperta desejo?
Essa boca vermelha
Pintada só pra você?

Beija,
Desnuda com os lábios,
Essas sinuosas linhas,
Adornadas de um vermelho
Que criei misturando cores só pra você!

Não te ofereço amor nestes lábios vermelhos,
Nessa pele tesa que podes tocar,
Eu te ofereço meu caro,
Apenas um beijo...
Para saborear...

Desejas?!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rastro de sangue pelo caminho



Arrancou-me um pedaço do coração.
Com os dentes, nada de sensual.
Foi humilhante, foi brutal
Foi um roubo, destruição.

Mastigou e cuspiu a meus pés.
O pedaço mais importante do meu coração.
Sem oferecer chance de defesa.
Sem poder planejar a vingança.

Vi, senti a dor, a clausura de possuir
Um coração pela metade,
De ser infinitamente covarde
Com medo de viver com meio coração.

Agora entendes que esta é uma revelação?!
Explica porque há tanto rastro de sangue
No caminho que ficou para trás.
Eu vivo com um coração pela metade.

E que sangra constantemente. 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Devolva-o



Uma única ideia permanece de pé.
Um arrepio percorre a espinha
Em cima da mesa uma carta
E pétalas vermelhas daquela flor- que você esfacelou.

Esquivo-me. O papel me atrai.
Engano-o, mas é mais forte.
Capta minha atenção.
É tarde, tenho o papel nas mãos.

Sinto a minha expressão mudar.
Espanto, suspense, explosão.
Desce-me quente pelo olhar
Lágrimas em profusão

Silêncio. É o anúncio da partida.
O mundo parou.
Silêncio. Lá foi você minha vida.
O relógio na parede ficou estático.

Sabia que tinhas partido. – O papel só confirmou.
Sabia que não restavam vestígios teus.
Mas não sabia que deixarias o teu coração
E que levarias contigo o meu...

Devolva-o. 

Eu quero prosa!




Eu quero prosa. Não poesia.
Eu quero ser lúcida e coerente
Eu quero ser compreendida, entendida.
Não, eu não quero versos...

Eu quero prosa. Ser essa criação estupenda.
Que ao mundo faz espantar e conquista.
Eu quero prosa, eu quero conto, eu quero fugir dessas rimas.
Não, não, não eu não quero poesia.

Mas ninguém me ouviu...
Imprimiram no meu coração a tristeza, a dor, a agonia
E levaram a lucidez, a coesão,

Quem me compreenderá? Quem me entenderá sendo poetisa?!
Aqueles que tiverem mais que inteligência
Mais que percepção,
A poesia é para os que tem coração (ou não).

domingo, 18 de novembro de 2012

Causa Nobre




Cambaleava de dor, de angústia
Hoje queria morrer num copo de cachaça.
E bebeu até ter a vista turva,
Mas a dor de sua alma não passava.

Caiu do banco da praça, estatelou-se no chão.
Lutava para por-se em pé.
Mas seus sentidos lhe fugiam, estava sozinho.
Em meio a multidão.

Até que outro senhor,
De roupa já gasta, talvez um vendedor.
De qualquer bugiganga
Ofereceu-lhe a mão para levantar.

Entendi que muitos estão empenhados
Nas ditas causas nobres
Mas na vida real,
Só vejo é pobre ajudando pobre...

Os outros estão de braços cruzados.

Eu quero a solidão


Eu quero a minha solidão
Assim como quero a luz do dia
Para iluminar o meu caminho
Os raios de sol para me aquecer

A solidão é meu momento íntimo
É me olhar no espelho
Sem roupas e ver refletido
Aquilo que sem dúvida eu sou.

Eu quero a minha solidão
Para respeitar a mim mesma,
Os meus princípios, os pensamentos.
Por que é na solidão da alma que vem o silêncio.

E é no silêncio que eu escuto meu eu.
Momento em que me entrego, me reconheço,
Momento em que posso me apaixonar por mim.


terça-feira, 13 de novembro de 2012




Senhor rendo-me a teus pés
Rendo-me a teu encanto
Porque quero saber,
Que de pesaroso havia em teu coração
Que palavras não podiam expressar?
Que beleza sem par
Se debruçava sobre ti...?

Seria um desses anjos da noite,
Desses que você com palavras jamais assume?!
Foi esse anjo enfeitado com flor,
Que te causou tanto ardor?
Tanto, tanto ciúme?

Senhor, desperta.
A madrugada é senhora,
Essa é a hora dos poetas,
Chore por meus olhos agora.

Diga-me senhor o que havia em teu olhar
Ao dedilhar o piano,
Cá grita o peito meu embalado na canção: “ eu te amo”
O que, por Deus, gritava  o peito teu?!

Senhor, não me deixes dormir.
Sem saber que encanto, que pétala de flor?
No último momento embalou teus sonhos?
Eu que assim... Contigo junto a mim
Estou também sofrendo esses horrores da dor.

Como tu compuseste
Também quero compor,
A teu lado, em preces.
Imprimir nesta vida meu último ato
E dedilhar no papel,
Meus últimos versos de amor. 

Súplica


Por favor, estou pedindo amor.
Então estremeça.
Por favor, estou declamando.
Diga que também não me tira da sua cabeça.

Diga que quer descobrir minha essência
Quer saber quem eu sou, quem fui ao longo dos anos.
Que está abobalhado, trêmulo...
Só porque eu disse que te amo.

Que não cabe em si de tamanha surpresa.
Diga que me responderá, e pensará em nós.
Porque eu te chamei
Porque na multidão que gritava, você ouviu o silêncio da minha voz.

Por favor, eu estou pedindo amor.
O seu amor... o seu...
Dê-me uma chance,
Não feche o seu coração,
Como eu fechei o meu.

domingo, 4 de novembro de 2012

Admiração


Admiro quem sabe amar.
A essas pessoas gostaria de cumprimentar.
Talvez ao tocá-las pudesse compreender
O amor.

Admiro quem sabe amar,
Para mim essas pessoas são como Deuses
Possuem o toque de Midas
Transformam tudo o que tocam

Admiro quem sabe esquecer
Esquecem todas as  juras que pronunciaram
Esquecem os corações que despedaçaram
É um mérito que se encontra em homens e mulheres...

Admiro quem sofre, admiro quem magoa
Quem para o barco, solta o remo,
E sai a nado,
Mudando o curso de tudo, surpreendendo.

Admiro as pessoas que passam por outras pessoas
E deixam suas iniciais.
Eu passo em branco por esta vida.
Esperando tão somente, ser absolutamente esquecida...
E apenas admirar...

Deixa eu falar...?


Que saudade de sentir esperança.
Que saudade da chuva.
Que saudade do tempo em que podia acreditar nas pessoas...
Que tudo era riso,
Que eu era criança
Que não tinha essas opiniões tão fortes
Que fazem as pessoas se afastarem...
Saudade desse tempo
Em que eu sentia no peito
a esperança...
por algo que eu não sabia nem o quê.

Mas agora meu peito murchou,
e essa flor não pode mais brotar...
Agora a desilusão tomou conta,
a fé se foi com as mentiras...
e no peito meu, já não há esperanças...

Que saudade de sentir Esperança...

sábado, 3 de novembro de 2012

Palavras que falam




Se não posso escrever,
Apenas ignoro meus sentimentos
Nesses momentos sobram palavras
E falta-me silêncio suficiente para entendê-las.

Silêncio para ouvir o som
Dessas palavras torturantes,
Sufocadas dentro da mente
Silêncio para sentir nas entrelinhas o significado...

Se não posso escrever,
Ignoro os sentimentos a minha volta.
E espero o silêncio para ouvir
Essas palavras que falam...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Crepitando





Crepitando, como fogo numa lareira, consumindo lentamente as lascas de madeira que ali colocaram, assim é o meu espírito, em movimento constante, em sonhos etéreos, em amores efêmeros. Sempre querendo, sempre oscilando, sempre buscando e no fim sempre determinando. A vida é incrivelmente um estado de mudança constante. O riso, a alegria, a mocidade e o envelhecimento, as lágrimas, a tristeza, a solidão, num ciclo infinito de erros, acertos, altos e baixos.
Mas o que importa não é quantas vezes estejamos entre erros e acerto, ou altos e baixos. O importante é movimentar este ciclo infinito.