quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O perfume II



Acabou o perfume,
As flores morreram.
Você é um assassino!
Leva a vida das coisas belas...
Deixa os restos dos valores que tive!
Cama vazia, 
Casa vazia.
Porque diabo ainda permanece aquele espectro próximo ao meu espelho?
Será o frasco vazio?
Deve ser o frasco vazio.
Deve ser a vida vazia.
Deve ser o peito vazio.
Deve ser ilusão,
Dos meus olhos cheios de lágrimas...
Já é verão,
Ou é inverno.
Eu me perdi nessa contagem do tempo. 
Recordando apenas que esta única fragrância você esgotou.
Conta gotas.
De devagarzinho.
O perfume acabou.
Você é um assassino.
Matou todas as flores do meu jardim.
Agora é impossível voltar a sentir
o cheiro daquele perfume. 

Texto baseado em Perfume

Aquele Chão







Alguém conhece você?!- Me perguntaram.
Não. Verdadeiramente ninguém me conhece.
Somente aquele caminho,
Aquele pedaço de rua,
Cheio de pedras e buracos...
Escuro e sombrio...

Sim. Aquele lugar sabe tudo de mim.
Sabe as dores que trago todo dia,
Conhece o sabor amargo das minhas lágrimas.
E a dor do meu coração.

Conhece o barulho do meu choro,
E o cheiro da minha decepção.
Sabe, sabe que eu sofro,
E me convida para que deite no chão.

Sabe os demônios que me seguem,
Sabe os anjos que me aguardam,
Sabe que Deus me deixou...
À minha própria sorte.

Aquele chão me conhece,
Afinal eu tornarei a ele... em pó convertida.
Assim que deixar de ser covarde e assumir o fim...
Desta minha triste vida.

Pseudônimo





As inquietações, as tristezas e lembranças.
As angústia e dores,
Vertidas neste tenro papel
Não são minhas. Não são apenas minhas.
Pertencem também aos rostos que vagam
Entre a viga da vida e da morte
Nesse labirinto torturador
Do outro lado do vidro das janelas.
Minha mão é só um instrumento,
Meu coração só um corredor.
Que dá vazão a tanta loucura
Meu papel torna-se um rio
De lágrimas e sangue,
Que vertem ambos através de meus olhos.
E dizem que ora ou outra tudo isso será definitivamente meu.
Eu seguro meu coração,
Arrasto o último resquício de lucidez
E com os olhos marejados,
Debruço sobre o papel mais uma vez.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Abóbora


Eu já fui melhor que isso...
Já pareci uma princesa,
Que a mãe amava,
Arrumava.
Tão linda.

Já fui  a requisitada
Aquela que todo mundo queria por perto.
Que todo mundo gostava,
E todo mundo me pedia um verso.

Já fui a melhor aluna da sala.
O orgulho de pai e mãe...
A dona daquele livro.
Acreditem, eu já fui melhor do que isso...

Hoje?!
Agora? À meia-noite.
Nada de princesa,
Nada de boa aluna,
Nada de boa filha.
Sou uma abóbora.

Mas eu me lembro...
Eu já fui melhor do que isso....
Eu só acho que esqueci como ser melhor...