sábado, 9 de fevereiro de 2013

Ah esses miseráveis sonhadores!


 Para melhor compreensão ler este texto antes de iniciar esta leitura Malditos Miseráveis.


Sr. Escritor
Esta miserável sou Eu.
Eu insisto em sonhar.
Já fui anjo e me arrancaram as asas.
Já fui sereia e me afogaram no mar.
Que me restaria nesse inferno de viver
Se não fosse sonhar?

Eu posso mais Senhor Escritor,
Eu posso porque sonho, eu posso porque estou cinza.
E acredito que sim, eu posso realizar.
Assim que eu tirar essas pedras dos meus caminhos.

Essa miserável sou eu Senhor,
Mas eu não tenho voz.
Eles vieram, os mesmos que me afogaram no mar.
E me arrancaram a voz. Tiveram medo do meu Grito.
Deixaram-me apenas palavras.
Que eu nunca poderia falar.
Mas posso escrever. Eu posso escrever!

As barricadas,
Miseráveis como eu as erguem de medo.
Medo dos que nos chamam de miseráveis.
Mas são apenas cadeiras vazias.
Como tudo ao nosso redor.
Você pode também derrubar.

Esta miserável sou eu,
Presa numa gaiola com a função de cantar.
Pássaro que busca liberdade todo dia.
Tentando roubar as chaves.
Humilho-me, imploro, rogo.
Dê-me as chaves.
Deus! Como sou miserável.

Senhor esta miserável sou eu.
A sua realidade maltrata.
Faz-me rir quando quero chorar.
E rimo, eu só posso rimar.
Lembra-te sou miserável, que canta mais não fala.
Que não tem voz.

Esta maldita miserável sou eu.
Que estou cheia de vontade,
De mudar a humanidade
Mas há um abismo,
Entre os que sonham
E os que nos chamam miseráveis.

Senhor escritor,
A miserável sou eu.
Veja na prateleira, colocaram preço em tudo.
Mas sonhar, sonhar ainda é grátis.

Desculpe senhor, mas o ontem...
No ontem eu sei como foi, ontem eu sonhei,
Bati em portas, achei que conquistei corações,
Acho que sorri também.

Mas durante a madrugada eu voltei pra casa,
Sem nada no hoje.
Hoje, hoje eu não tenho nada,
Até Ele eu perdi.
No ontem eu ainda tenho esperanças.

Tola sonhadora, esta sou eu
Você sabe o maldito poder desta cadeira vazia?!
Você sabe que esta pode ser a melhor peça.
Mas também a pior comédia?
Deixa eu sonhar que vão me aplaudir.
Não tire isso também de mim.

Não senhor escritor.
Até ontem eu era sonhadora,
Hoje eu descobri ser uma tola, miserável e patética.
Uma covarde hasteando bandeiras numa lua que não existe.

Nós miseráveis sonhadores estamos sempre desconfortáveis...
Com os pés sangrando, e a alma em prantos.
Andamos por muitos lugares nada confortáveis.
Erguendo-nos do humo da terra.
Miseráveis.

Sim senhor escritor,
E eu também sou a miséria do mundo.
Trouxe-a comigo
Para não ferir teus olhos.

Sonhar é fácil,
E falar...é mais fácil ainda.

E foi assim...
Fui reflexo do sonho que sonhei todos os dias
Dentro de um espelho.
A verdade?
Eu queria ver meus sonhos no reflexo.
Mas só há miséria.
Ai de mim. Que sou tão miserável.

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