quarta-feira, 12 de junho de 2013

Guardo

Guardo cadáveres
Que o mar traz à praia
Guardo a um canto os corações partidos,
Que se quebram ao cair no chão
E eu artesão tento resgatá-los.
Recolho as lágrimas abandonadas ao vento
Recolho a dor jogada a um canto.
Resgato a tristeza atada a tua alma.
Os salvo do assombro das madrugadas
Pois fico aqui acordada.
Sussurrando e tremendo
Atada a uma folha em branco,
E uma pena que escreve
Com tinta de sangue
A dor da humanidade
Trazida com aqueles cadáveres
Para a beira da praia.
Restos mortais de homens e mulheres
Que amavam demais
E se afogaram naquele mar de amor.
Recolho do mundo a maldade
A tristeza e a ansiedade.
A saudade e a traição
Deixo tudo preso em palavras.
Vigiado por aqueles cadáveres
E no mundo deixo livre o amor
E a felicidade
Para quem quiser resgatar.

Um comentário: