segunda-feira, 8 de julho de 2013

Epílogo


Dez anos depois...

A senhora arruma  livros, papéis e fotografias numa estante. Em duas fotografias o mesmo rosto. O dela.  A poeta. Lágrimas disfarçadas descem pelo rosto daquela senhora. A garotinha que se aproxima pergunta:
-Vovó? Está era minha tia? Como ela morreu?
O rosto na fotografia não tinha vivacidade, não tinha brilho, talvez... Quem sabe o que é vida? Talvez as pessoas nasçam com alma, mas nasçam sem vida. Ou seja, sem vivacidade, sem querer, já nasçam afogados na tristeza.
-Ela... sim, era sua tia. Ela morreu quando você ainda era bem pequenininha. Entrou em coma após... após ingerir certa quantidade de um remédio. Ficou quarenta e cinco dias em coma, e depois de muito sofrimento morreu.
-Ela se suicidou vovó?
Como mãe era inconcebível aceitar aquela hipótese. Aquilo havia acontecido  sim, mas não foi repentinamente, a dosagem farmacológica havia sido ministrada durante anos. E culminou quando a poeta fora abandonada em pleno altar...
-Pequenina, há coisas que só o tempo pode explicar.
-E esses livros? Vovó? Algum dia poderei lê-los? Quem é este senhor?
A menina aponta um rosto na capa de um dos livros.
-Este é Charles Bukowski, o autor favorito de sua tia.
-Então será o meu também.

A senhora sorri tristemente, observando o laço pendendo do corpo da menina. O ciclo era interminável.

Morria um poeta. Nascia outro.

Ah... Charles, o amor matou a todos nós.


Veja como tudo começou:

Prólogo
PARTE I
PARTE II
PARTE III
PARTE IV
PARTE V

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