terça-feira, 27 de agosto de 2013

Insone



Isso que eu sinto aqui dentro é mortal.
Você não sabe.
Ninguém sabe como tudo isso é daninho.
Vão embora espectros de mim mesma...
Não me toquem.
Não ousem me punir.
Não há mais trecho de pele para ferir...

O meu mundo é o passado.
O presente é algo que eu quero esquecer.
Não quero viver... Piedade!!
Fico olhado as estrelas,
Essa lua maldita.
Tentando extorquir dela respostas!
Eu preciso dormir!!!

Mas minha alma não dorme
E eu preciso ou de um remédio bem forte
Ou álcool.
E a culpa é tua! A culpa é minha.
Maldito! Você levou o resto de bom que havia em mim.
E por quê?
Justo hoje eu tive de me recordar?

Por quê?
Maldito poema.
Retalho de mim.
Maldito dilema...
Malditos poetas...
Não é hora de vocês dormirem...
Eu nem consigo rimar mais um verso...
A minha mente está confusa...
É muito desespero.


Quero sofrer duma vez...
Todo o meu desespero.
Abandonada
Desolada num canto.
Oh deus...
Não aguento

É verdade,
Provavelmente eu dormirei exausta
Já sangrei toda minha dor.

Melancolês



Ignore o português
O francês
E o inglês.
Que hoje estou à deriva.
Estou ao sabor da brisa
Estou envolta de melancolia.
Coisa minha
Coisa do mundo.
Coisa de Deus.

Ignore o português...
E me dê um vinho do porto.
Tá certo que eu prefiro os chilenos.
Mas um pelo outro.
O resultado será o mesmo.
À deriva na vida.

Ignore o português.
Mim não conjuga verbo.
E o horizonte é com H.
Mas meu H não tem horizonte.

A coisa ta tão feia pra mim.
Que eu ouvi Brahms pensando ser Chopin.
E no fim estava ouvindo Tchaikovsky.
E troquei Bukowski
Pelo Maiakovski
Por exatos cinco minutos.

Ignore o português.
Esse poema está num idioma
Que só a sua alma.
Poderá entender.
Melancolês.

Então o que há no final...?



Ah, este caminho é muito árduo.
E as pernas estão machucadas
Uma luta danada, uma jornada
Para manter-me viva.
Vaguei, vaguei por tantas moradas
Procurei desde o princípio
Aquilo que a humanidade busca
Tanto que até esqueci o motivo da busca.

Eu batalhei com gigantes moinhos...
Sobre um cavalo, 
sem Sancho Pança.
Fiz isso sozinha.
Ah, este caminho é muito longínquo.
Assusta-me o depois.
Que me deixe para depois.
Ou simplesmente...depois.
Mas vou andando.
Arrastando os pés!
Vê ou não vê meu esforço?

A cabeça lateja.
O murmúrio me atinge.
Eu caio, e me arrasto
E me apoio no canto...
Os meus apoios
São dispostos de maneira poligonal.
Eles não me deixam cair...
Eu preciso chegar no final.

Ah eu pensei tanto neste caminho,
Eu li pergaminhos,
Até li Ovídio.
Mil e uma noites, Sherazade...
E até meu senhor... até soube muito das artes.
Mas esse caminho é árduo demais...

Foi difícil.
Me arrastei,
Me revesti
Fiquei do avesso.
Me feri,
Joelhos ralados
De tantas sucessivas quedas
Foi grotesco.
E para minha surpresa, quando cheguei ao final
Dessa jornada....
Lá no fim...
Que droga.
Havia outro começo!

Escolhas...



Ou isto
Ou aquilo
Ou a imensidão
Ou a eternidade
Ou a enfermidade
Ou o sonho
Ou o medo
Ou a moça
Ou o rapaz.
Digam-me escolha...
Ou será tarde demais...

Ou isto ou aquilo
Ou o abraço
Ou o sorriso
Ou a companhia
Ou todo dia
Ou nunca mais
Me digam escolha!
Ou não poderá mais....

Escolha o poeta.
Escolha a festa
Escolha o sono.
Escolha o tormento.
Escolha o lamento...
Ou a paixão.

Escolha moço.
Escolha algo...
Escolha o amor...
Ou o ódio.
Escolha o blog
O livro
Acabe comigo!
Mas escolha algo.

Escolha o ir e vir.
E onde você deseja ficar!
Escolha o riso ou o choro.
Escolha a sanidade ou a loucura
Mas escolha rápido.
Ficar acordada às 2:30 da manhã
Vai te matar.

Escolha o dia
Ou a noite.
A madrugada já é do poeta...
Escolha e escolha rápido...
Ou ele ou eu...
Ou a solidão.

Eu nem sabia o que era o mundo.
Eu nem sabia a dor que me possuía
E eu fui toda alegrinha.
Escolhi a solidão.
Eu que a defendo com unhas e dentes
A senti...
Pouco a pouco...
Destruir meu coração...

Beleza. Bem.
Eu não escolhi.
Mas ganhei também a tristeza.

Você.
Faça a sua escolha. Sem muito dilema.
Eu...
Escolhi o fim do poema.
E você nunca saberá,
O significado disto...

O fim das coisas. O fim de mim.



Ele queria me amar.
Eu o ouvi dizendo, arrumando as malas.
Ele queria, eu sentia.
O mundo todo sentia também.

Ele queria me amar.
Amar meus cabelos bagunçados no lençol.
Amar os meus pés pequenos
Amar o meu desequilíbrio nos saltos altos.
Amar a minha falta de vestidos
E o meu excesso de livros.

Ele queria amar meus olhos sempre rasos d’água
Amar meu colapso.
Amar meus lábios
Amar minha palidez.
Amar minha necessidade de solidão

Eu sei, eu sentia
Todo mundo sabia.
Que por mais que quisera amar minha insensatez
Veio o dia dourado...
Veio o dia...
E arrastou
E o levou.
Na verdade ele quis ir.
Era impossível me amar.

“Veja. Você se quer me pede para ficar”.
Eu desviei meu olhar.
Eu não posso amar.
Sou eu quem não tem coração.