quinta-feira, 31 de outubro de 2013

À sensibilidade

Chorou um pranto que sequer podia
ver,
pegou um papel, amontou uma porção de papéis
do mesmo tamanho e grudou na parede.
Pintor que nem tela tinha.
Enxergando por seus dedos.
E disse-me: misture as tintas.
Mas ele não tinha tintas!
Então eu lhe dei meu sangue.
Ele tateou a parede,
sem nada ver
apenas a escuridão de olhos
sem utilidade.
Pensou em usar o pincel,
mas também não tinha.
Era pintor
que não tinha alcunha.
Usou as mãos.
Mãos que enxergavam um mundo inteiro
de doses horrendas de dor.
Mesclados com felicidade
jogados embaixo do tapete do amor.
Ele pintava,
meu sangue no papel
uma tela surgindo.
Lágrimas de seus olhos caindo,
por fim cansou.
Ele veio até mim,
Choramos nossas parcas lágrimas
também cansados do mundo.
Um poeta sem poesia
Um pintor sem tela.
Eramos nós
dois espectros na madrugada.

Imagem retirada:
Daqui

É só meu jeito de juntar palavras... nada demais.

Não confunda.
Leia com atenção.
posso estar falando de mim
ou não.
75% das vezes é não.
25% é talvez sim.
Você nunca terá certeza completa.
Então eventualmente não tire conclusão.
A torto e a direito...
O que quis dizer está dito...
Se não gostar, se achar ridículo
Não me leia, não perca seu tempo.
Mas não fale mal de mim...
Tudo é só meu jeito de juntar palavras.
Há outros que fazem melhor. Vá lê-los por favor.
Não ganho nada com você me lendo.
Se não ler
não perco nada também.
E se me ler, não fique sonhando com as coisas que escrevo
porque são coisas que vejo
permeadas com minha imaginação
É inspiração.
Se me perguntar o porquê de um poema,
E ele tiver um porquê
eu posso te responder.
Sem problema nenhum.
Só apenas não enxergue as coisas que você quer ver.
Todo pedaço de algo,
é parte de um todo.

E você não está vendo o todo, está?!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Aquela que destruiu as estrelas.

Cair,
feito um anjo que voava tão alto
e de repente teve suas asas arrancadas
condenado a vagar pelo universo
arrastando atrás de si
uma asa inábil,
peso inerte que faz mancar.

Cair,
beijar o solo,
o chão, o barro,
conhecer a lama,
e ainda assim levantar...

Apoiar-se devagar
nos proprios ossos,
porque acostumou-se
a bandida
e maldita solidão - coisa que também criou.

Cair,
gritar, explodir
ruir
destruir um milhão de estrelas
com lágrimas ácidas,


Destruí,
dezenas de galáxias e suas estrelas brilhante
apenas com o toque sedoso
com o sopro silencioso...
do mais profundo da minha dor.

Cair,
E levar comigo
o pó do universo.

Eu devo mesmo ser o primeiro ser.
Acredite,
fui eu quem causou o big bang.
É por minha causa que vocês estão ai...
trouxe a primeira vida
no pó da estrelas que destruí.

Fecha a droga da porta

Sempre fecho. Quando alguém passa por uma porta
e a deixa aberta é meio que automático. Eu vou lá e fecho.
Tenho em mim o anseio de fechar esses caminhos.
Portas, janelas.
Nada aberto, salvo algumas exceções.
Portas abertas permitem quem está de fora ver o que está dentro.
Portas abertas permitem que estranhos entrem.
Portas abertas nem sempre são os mais fáceis caminhos.
Então eu fecho.
Não gosto que ninguém de fora,
veja assim com tanta facilidade o que está aqui dentro.
Eu SOU entre quatro paredes.
Não leva a mal,
mas aqui só entra que tiver credencial.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sensualidade

Nada mais tão sexy
quanto você
sem camisa
ou com camisa
in front of
sua máquina
de escrever.

Ombros

Eu nunca pude te dizer
que seus ombros são sexy.
Que sua voz é macia,
aos meus ouvidos
e que seus olhos são luz.

Eu nunca pude te dizer
que seu rosto era moldura
pura moldura das suas expressões
raiva, paixão e candura
e uma gama de expressões.

Eu nunca pude dizer que
esperava tocar tuas mãos
e acariciar seus dedos
e talvez beijá-los

Eu nunca pude dizer que talvez
por uma e outra vez
eu tenha te amado
eu nunca pude.

Na época eu não sabia como falar
menos ainda como escrever
então eu guardei,
mas sabe como é a memória
corrompida pelo tempo...

Eu só lembro que eu gostaria de dizer
e repetir sem parar, como refrão.
baby
que sexy eram seus ombros!

E o que eu faço agora Drummond?

O primeiro amor passou,
E eu não acreditei.
Nem sei quem levou
se foi o tempo
se foi a moça bonita da esquina
que sabia mais da vida do que eu..
Eu não sei o que aconteceu...
Passou, o amor passou e eu fiquei.

O segundo amor passou,
grosseiro, libidinoso
fez da minha pele seu cobertor
fez dos meus cabelos seu travesseiro
mas à meia noite me estrangulou...
Passou,
e eu cadáver fiquei.

Veio o terceiro amor
e eu ressuscitei
a má sorte de quem ama
a dúvida de quem prefere a morte
a amar outra vez
mas amei...
Mas o terceiro amor foi grotesco
me virou pelo avesso
e levou o que somente os restos possuía
..

Drummond...
Drummond...
O coração não continuou...

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Desgraçada!!

Você. Você maldito.
Colocou absinto
no copo da minha vida.
E agora ando embriagada.
Falou, falou que era amor
que era inspiração do meu dia
que era pro meu frio
o calor...
grande dissabor
você não fez nem uma poesia.
Nem uma hora importou-se
queria algo de mim,
Sugar meu sabor doce...
e deixar-me amargurada.
Sim, mas como vingança
assassinei-te nesta madrugada
inda sem matar-te.
morreu em minha boca,
morreu em meus lábios
e em minhas mãos,
quando eu finalmente roubei
seu coração.
E te mostrei como se comportam os desgraçados.
E ele gritou-me: "Desgraçada"...
Foi assim que matei um homem.
Foi assim que fiz nascer um poeta.

domingo, 20 de outubro de 2013

Mapa

Qual será o caminho certo?
Será que este por onde estou seguindo?
Ou aquele por onde deveria seguir?!
A que lugar chegarei se continuar
e se parar o que perderei?
Terei algo realmente para perder...
terei lacunas para deixar?
Será que algum dia em minha jornada
dolorida
vou olhar pra essa vida
e dizer que valeu a pena?!
Então qual o caminho
qual a porta
por qual deserto
qual circo,
qual amor
qual vida
Qual querer...
Não sei,
mas acho que a vida devia vir com um mapa..
Dispenso o manual
um mapa já resolveria muita coisa.

Perdedores

O mundo sempre foi assim, pequena.
cheio de gente má e traiçoeira.
é inevitavelmente as relações entre pessoas.
a vida é uma porta
e como tal muitas coisas passam por ela.
Tem gente que chega e faz morada
depois de longos anos vai embora
tem gente que fica, e fica e morre ali
e outros que vem só para fazer bagunça
destruir o equilíbrio
mas restaura quando vai embora.

o mundo sempre foi assim pequena,
cheio de estações amenas
e de tempestades também.
De guerras no Oriente médio.
E na casa do seu vizinho.
E sempre, sempre alguém ganhando com isso.

O mundo sempre foi escuro, Pequena.
alguns enxergavam o que havia fora da caverna.
Alguns passavam para trás o livre-arbítrio
outros sucumbiam à vontade, outros tantos prisioneiros da Razão.

As pessoas também estão sempre exigindo algo.
O medo da humanidade é permanecer sozinho.
eu sei, pequena, eu conheço seu mais profundo medo.
E por medos inventam demônios
e por medo inventam deuses
drogas e doenças.
Medo da solidão. Pequena você também tem medo.

As pessoas estão sempre nos apontando o dedo
como se quisessem apontar seus próprios medos.
E medos são impossíveis de vencer.
São.
Você apenas tem de conviver com eles.
Trancá-los numa caixa de pandora
alimentá-los de vez em quando.
para que não tomem conta de tudo.

O mundo sempre foi assim pequena.
E sempre será.
Mudar... só se vencermos
os nossos medos
e a raça humana?
Bando de perdedores...

Causa

POR QUÊ?   POR QUÊ?          POR QUÊPOR QUÊ? POR QUÊ?           POR QUÊ?                                       POR QUÊ?             POR QUÊ?  POR QUÊ?  POR QUÊ?        POR QUÊ?POR QUÊ?  POR QUÊ?                                                                 
POR QUÊ?                               POR QUÊ?     POR QUÊ     POR QUÊ?             POR QUÊ?                    POR QUÊ?         POR QUÊ?                                                 POR QUÊ?                     POR QUÊ?                     
POR QUÊ?                               POR QUÊ?                         POR QUÊ                            POR QUÊ?                     POR QUÊ?            POR QUÊ?    POR QUÊ?  POR QUÊ?     POR QUÊ? POR QUÊ? POR QUÊ?                                                           
POR QUÊ? POR QUÊ?             POR QUÊ?                       POR QUÊ                           POR QUÊ?  POR QUÊ? POR QUÊ?                                                      POR QUÊ?    POR QUÊ?                    POR QUÊ?   
                                                                                                                                                                             POR QUÊ?    POR QUÊ?  POR QUÊ?     POR QUÊ?      POR QUÊ?                                                    


                                                  

No eres mio.

No eres mio
yo no soy tuya
el amor es vario
es que deseo que tu seas un pajaro
que puedas volar,
porque yo soy también
y regressas
regressas solo cuando deseas.
sin nudo en la garganta
sin desculpas
y sin culpa
puedes volver a me amar.
Lo acepto.
No eres mio.
No solo mio.
Por que lo seria?
Mi señor,
mi señor
El amor és nuestra liberdad
Jamas nuestra prision.

sábado, 19 de outubro de 2013

Opostos

Você incompleto e eu completa...
Eu vazia , você preenchido
Esse seu adeus é uma chegada
essa sua chegada e uma partida

amor da minha vida
nós jamais vamos nos encontrar
porque quando eu chegar
você terá partido
e quando eu tiver partido você chegará

Você é sim e eu sou não
Esse seu sei, nada sabe
pelo menos nada de mim.

Somos tão opostos
tão opostos
que não existimos na mesma galáxia.
Ah nós somos assim...

Placebo

Me engana eu gosto.
Gosto mesmo
põe na minha boca placebo.
Esse amor placebo

pra mim tem o mesmo gosto.
pra mim tem o mesmo efeito
é só pra eu acreditar que vou ficar bem.
Eu sei que é mentira

sei que poesia
sei que é placebo.
Mas disseram-me
que mesmo o placebo

tem efeito terapêutico
cura algumas pessoas...
Então,
rola o placebo?
ou não?

Poema de casal

Há dias em que tudo
parece um casal
A lixeira e a outra lixeira
A pedrinha e a outra pedrinha
A sombra e a outra sombra
O carro e o outro no estacionamento
A árvore e outra árvore
Há dias em que o mundo
inteiro é um par...
Por que será?!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tarde demais

Não importa mais.
A lua já foi coberta por um nuvem negra,
E começou a chorar.
E o mundo inteiro chorou com ela.

Não importa mais os sonhos que tentem me vender.
As histórias que vão me contar.
A meia-noite tudo se perde.
A luz eu vou apagar.

Não importa mais os presentes que deixem na minha porta.
Os telefonemas que enderecem a mim.
As cartas que me mandem, ou e-mails.
Eu não vou abrir.

Não importa mais a minha assinatura no abaixo assinado do Greenpeace.
Tentar salvar os ursos polares ou a floresta amazônica.
Nem tentar renovar a minha identidade.
Eu não tenho mais existência.

Não importa mais a noite que chega,
O dia que acaba,
Se estou sozinha ou acompanhada.
Se morrerei antes ou depois da madrugada.

Não importa mais…
Estou como um desses monstros da rua.
Devorando todos os sentimentos
Me correndo por dentro.

Não importa mais o quanto me digas que me ama.
Se me ama. Se me amar… Não importa mais…
Acabou a perspectiva.
Mãe, me perdoe.
O problema não era o mundo.
O problema era eu

Flor da babilônia

Ela é como a flor da Babilônia,
como cristal do sapatinho da cinderela
como interesse maciço de um príncipe
ela é escarlate
Ela é arte
Moça de Renoir
Uma deusa de lábos vermelhos
cabelos compridos
e equilibrada nuns saltos altos
Causa inveja nas virgens
que são loucas por um vestido escarlate
Virgens casadas, mães
e ainda assim virgens dos próprios desejos
Ela é estonteante
acredito que não tenha medo
de se olhar no espelho
e enxergar seu corpo
ela se ama.
Ah esta mulher
nasceu na babilônia
Fruto do pecado
de amar a si mesma.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Paranoia

Por favor
não chegue o amanhã.
Para agora.
agora
às 00:35.
Para agora... enquanto está escuro lá fora
e eu não tenho de me vestir.
Por favor para agora.
Tira esse mundo do eixo.
Eu acho que eu mereço
que congele o tempo por mim.
Só hoje...
para agora
essa rotação da terra egoísta,
que gira em torno de si mesma,
Sem se importar com os insones!
Para agora,
a minha paranoia...

Ultimato

É, acho que é assim.
Dentro do meu coração,
devia haver um homenzinho responsável
por lavorar o solo
carpir o chão
Deixar fértil
para plantar todo tipo
de bons sentimentos
que eu tivesse por dentro.
E esse homenzinho
um lavrador de corações, 
Estava dentro do meu,
até bem pouco tempo,
trabalhando
lavorando
com ternura esta terra.
Mas veio essa história de reforma agrária
Veio essa história de outros lavradores quererem
um pedaço do meu coração
que o homenzinho que estava lá dentro
entrou em greve.
E disse que não trabalharia
nem lavraria
mais meu peito,
Enquanto essa história de reforma agrária
eu não desse jeito.
Meio complicado atender,
esse homenzinho dentro do meu coração 
acredita que Marx devia ficar calado
que dentro do coração é lugar só de um.
Pobre homenzinho iludido...
volte logo a trabalhar
antes que não te reste mais terra você

para lavorar.
E isto é um ultimato.

Tornou-se apenas lágrimas...

Assassinei minha saudade.
Sabotei minha tristeza.
Conspirei contra a minha solidão.
Alimentei-as tanto.
Mais tanto...
que as deixei saturadas
que chegaram ao limite...
E explodiram
em milhões de gotículas
no ar.
Poderia ter sido chuva,

mas eram mesmo minhas lágrimas.

Ás vezes o necessário é o natural

E então eu senti.
Uma necessidade de morte
Tão natural e tão intensa...
O que mais é natural do que a morte?
O seu oposto claro.
A vida.
As moscas... sobre o corpo apodrecido.
Serão as minhas moscas!
Tudo bem.
É tudo muito natural.
É tudo tão natural e você não vê.
Os poetas são naturais
Os não poetas também o são.
Os mendigos são naturais.
Os atormentados são naturais.

Então eu senti uma necessidade tão grande de não existir.
Que foi assim.
De pouquinho e pouco...
Em cada copo de vinho
Que anulei a minha existência
E quando a morte veio
Nem ela se interessou por mim.
E isso não foi
Natural.

domingo, 13 de outubro de 2013

Lembre-se desta noite

Lembre-se desta noite pelo resto da sua vida.
Nesta noite os ventos sopraram
Nesta noite não houve lua no céu.
Nem uma única estrela
Nada iluminou o seu céu.
Mas lembre-se dessa noite,
aprecie a escuridão deste céu noturno
taciturno, soturno,
e contudo
Não tenha medo.
A noite escura, fria e gélida
também possui nuances santas!

Lembre-se desta noite,
Os sussurros de um inverno que não se anuncia.
é apenas o vento depois da chuva.

Lembre-se dessa noite
quando andou sozinho na rua,
E sentiu o peso da solidão
da tristeza.

Lembre-se dessa noite.
Em que sozinho andou até
se aportar nos braços dela.

Saiba,
saiba que há alguns por aí
que vivem essa angústia da escuridão
mesmo quando no céu há estrelas.

Lembre-se desta noite.
O resto da vida.

Recorte de um passado

Doce amor,
já nem mais penso em ti
já nem mais penso em mim.
já nem mais penso.
Passaste por mim
e levaste a vida
o riso fácil.
Sabe o quanto ficou difícil sorri?
Deixaste o vazio
o abismo e o pranto
sabes como é difícil
agora existir?!

Doce amor meu
que nem me pertence mais
pertence ao passado
ao um recorde do tempo
onde as horas, os dias,
e o sentimento ficaram presos.
Lá atrás.
Eu fiquei também.

Amor meu que triste sina,
fui assim desde menina
e agora um pouco mulher
penso que qualquer amor
será assim.

Um recorte do tempo.
Pedaço de passado
Que só fica em mim...

Altruísmo

Um dia ele chegará devagar
pousará seus dedos no meu ombro
e me falará de Dalí e Renoir.
Cantará Chico,
E enrolará  meus cabelos em seus dedos.
Recitará um trecho de um ditado popular
algo do tipo: Quem recebe, dá...
E me dará uma flor.
E me dará suas mãos
E numa caixa dourada
com laço de fita,
me dará também o seu coração.
Nesse dia chorarei,
Por um segundo largarei o livro e o café
E o abraçarei.
E pensarei que quem recebe dá,
eu teria que presentear?
Mas o que poderia dar?
Desculpar-me-ei.
"Eu não tenho coração para te dar".
Ele colhendo minhas lágrimas dirá.
"É por isso que te dou meu coração".

Motivos

Porque commigo no?
Le pregunto.
se pone sus manos
en mi frente
y me dices
tu eres poeta.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Anônimo

Eximiu-se.
Escapou-me.
E ficou sem referência.
saiu por ai

de boca em boca
de mão em mão
envenenando algum coração
sem me fazer alusão.
uma citação sem autor
falando por aí como se
não me pertencesse...
Escapuliu,
disfarçou-se de prosa,
anônimo em si mesmo.
A esmo
sem identidade
sem título.
perdido
e escondido
num beco qualquer
Seria vergonha de me pertencer?!
Há dias em que nem meu próprio texto me quer.
Há dias em que minha própria poesia
apaga meu nome do rodapé.
Por certo escreveu-se sozinha.

sábado, 5 de outubro de 2013

Beat pós, pós,pós moderno

É isso mesmo.
Eu sou o beat pós moderno.
Não sou poesia urbana
Não tenho versos na ponta da língua
E minha poesia nem assim
Tão autobiográfica,
Mas eu sou o beat pós, pós, bem pós moderno.
E...
Por decreto que eu inventei
Unilateral.
Decidi isso agora.

Charles, você pode me batizar?

Trocadilho

Por um instante fui poeta.
Nem errada
Nem certa
Sem condicionar
 condições
limitando o abismo do espaço
e vivendo sem limitações.

Por um momento
Fui Lope de vega!
Fui Rimbaud no inferno
Fui Maiakovisk eterno.
Fui bêbado Bukowski

Por um momento sorri.
Gargalhei e mandei para o espaço
toda a dor de hoje
E prometi no amanhã e
para o amanhã uma festa.

Por um momento vim de lá para cá.
Plantando flores
arrancando espinhos.
chutando pedras do caminho.
desafiando quadrilhas
Que Maria tinha que amar José
Que Joana tinha que amar João.
Sem desproporcionalidade.

Ah por um momento.
Um segundo de Nostalgia
Fui Picasso... e veja eu nem sei pintar.
Nem rabiscar
nem desenhar.
Ouça que fui também naquele momento...
Uma senhora chamada Kahlo.
Que eu gosto muito mais
que Tarsila do Amaral.

Por um momento triste,
ou feliz.
Por um triz,
eu fui
Lorca,
e não louca.

Vou fazer as pazes com Shakespeare

Eu sou a única pessoa que se cansou de Shakespeare?
Essa sua tragédia shakespeariana me enoja.
“Vou morrer por você”!
“Eu vou morrer sem você”
Não, não vai.
Eu não morri.
Romeu e Julieta já se foram.
O tempo já os comeu.
Já  regurgitou
Esse texto passado
Que você acabou de encenar.
Eu cansei de Shakespeare.
Mas para meu desespero
Acabaram-se os seguidores de Shakespeare
E agora vem os seguidores
De tipos como Nicholas Sparks.
Pensando bem,
Vou fazer as pazes com Shakespeare
Porque a lei de Murphy não perdoa.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A maçã de Newton

Começo a sonhar pela manhã,
encadeada pela luz,
não durmo, sonho acordada,
imaginando a teoria por trás da maçã
-De Newton.
Deve haver um sol secreto
por ai por entre as nuvens
que iluminam de perto
os grandes homens...
e o pequenos também.
E meus olhos se abrem,
recebem a luz de um sonho
que se não passar,
que se não despertar
antes da hora
tomará forma
e será talvez o monumento de amanhã
Como o foram as leis de Newton.
Começo a sonhar
Um sonho que possivelmente não tem
forma,
Não fará com que eu desperte
com a fórmula secreta da felicidade,
Nem um modelo gravitacional
de atração do positivo da vida.
Mas caso eu desperte
Já não serei eu mesma.
Terei um sonho a mais
que me fez valer estar viva.
Por mais um dia.
Ou por mais uma maçã.

Sobra pro garçom

Ah,

Mas eu desejo lançar para dentro
ao menos um gota de veneno
para que mate
dizime
acabe com tudo que por dentro há.
Há tanta saudade
ansiedade....
tolas perguntas
azedas respostas...
um gota de veneno
há de matar o resto de ti
que há dentro de mim...
Mas não tenho veneno...
Nem Cianureto
nem tenho como comprar.
Me dá garçom
tua mais pura vodca.
ardente que queime
esterilize...
o meu...
o meu coração.

Medo burguês

O que é que você tanto espera
parado aí diante do espelho
olhando para sua retina
encantado pela sua íris?
O que você espera parado,
com essa cara de que tudo está perdido...
cara de poucos amigos
cara de quem acordou mal.
O que é que você espera
murmurando pelos cantos
bebendo como Bukowski
sem produzir nem um único poema.
O que você espera dessa vida sem amor
desse círculo vicioso de dor
que você se abate...
Cara...
o que é que você tá esperando
o mundo tá girando.
Bora, bora ser gauche?!
O que é que você espera...
aí com essa timidez.
Medo burguês
de perder o que não tem?!
Ele me responde: Não espero nada. E você o que espera?
E eu fico calada.
Esperava apenas..

que você esperasse algo.

Versos


Versa-me.
poetize-me.
rima-me.
Combina-me com algumas palavras.
Transforma-me num poema.
Declama-me aos sete ventos.

Versa-me.
Imortaliza-me.
Ama-me assim
um pouquinho.
guarda-me.
Para que eu não desapareça de vez
nessa minha não existência.

Pais não tenham filhos!


Pais vocês nos destroem.
Vocês não sabem o que querem
Ora querem seus filhos
ora os querem distantes.
sim, poesia por poesia
eu vou culpá-los até o fim.
A falta de vocês causou a falta em mim.
Fui dessas que implorou
implorou centenas de vezes
até ter que partir.
Tantos abandonos, tantas ameaças
TANTOS VOU ABANDONAR VOCÊ!
que eu já me acostumei.
Mas o que mais me dói
senhora,
é que depois de tantas horas
ouvindo suas necessidades
todas as suas calamidades
toda a sua dita saudade.
você não perguntou nada de mim...
Nunca perguntou se eu me recuperei
Você nem toca no assunto...
Quantas vezes
você me deixou sozinha para segurar minha
barra?!
Que me virasse!
E ainda fala em me abandonar.
Eu sei também muitas coisas,
sei que a senhora não compreendia
sei que a senhora não entendia
e ainda não entende.
Se não me ensinou a sentir...
porque eu deveria ter sentimentos?!
Reclama e reclama de mim...
Perdoe Senhora,
De todos os que me arrancaram
lascas do coração.
Foi a senhora
que arrancou a maior parte.
E mesmo assim ainda os amo.
Mas...
Pais.
Se vocês não sabem o que querem
Não tenham filhos.

Romantismo

Cuidado!
Romantismo mata.
Já começa
dizimando flores!
E matar flores...
É o primeiro crime.
E quem aceita as flores mortas
consente no crime.
Romantismo perfeito
é assim
um crime a dois.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Era... antes de ser.

Era amor antes de ser.
Era amor antes de falar
era amor antes da confissão
era amor antes do aperto de mão
de nossas bocas se beijarem
e de nossos corpos se amarem
era amor.
Tenho certeza que era amor
antes de ser
reconhecer
tudo isso como amor.
Depois que passou a ser...
deixou de ser
amor...

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Testando a liberdade

Não é tão alto assim.
Vamos analisar com calma.
Subir os degraus lentamente.
Esticando a coluna,
movendo os quadris.
Não é tão alto,
ouvindo uma música.
Quanto mais alto
mais sinto o vento
liberto os cabelos...
Deixo os sapatos
para trás.
cada degrau
mais perto da liberdade.
E eu percebo que não existe o
"resto da vida"
E também não tem final feliz.
é latente.
é aquele espaço entre as palavras
que a professora do primário
deixava para a gente preencher.
Sinto o vento no rosto
Não consigo imaginar nada melhor
do que o vento no rosto
não consigo associar liberdade com outra
coisa.
O que é liberdade senhores,
senão este momento em que
não nos privamos do vento?!
E nos deixamos sentir
o vento no rosto.
Não é tão alto assim.
Quando subo ao topo do prédio...
e olho pro chão
eu sei que o mundo é muito pequeno
e ao mesmo tempo muito dantesco.
Gigantesco e esmagador.
e o meu par de asas atrofiado
dá sinal de vida.
são 30 andares até o chão.
Hora.
Hora de testar a liberdade.