terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Receita

Peguei por ai uma receita do Nicolas Behr pra fazer um poema.
Aventurar-me na "cozinha" já é portanto algo extraordinário.
Eu tinha de pegar 2 conflitos de gerações.
4 esperanças perdidas.
3 litros de sangue fervido.
5  sonhos eróticos.
2  canções dos Beatles.

E eu pensei: essa vai ser moleza!

Bobagem. Eu tenho duas mãos esquerdas.
Dissolvi os sonhos eróticos no sangue fervido.
Era pra deixar gelar,
mas acabei levando ao fogo.
Aqueceu mais... Quando vi que fiz a coisa errada
Já estava tudo quente demais.

Parti para segunda parte.
Com os conflitos e as esperanças.
Pensei que esperanças perdidas combinavam com as canções dos Beatles.
Misturei tudo.
Eu pensei "vai ficar uma delicia".
Quando provei... tinha gosto doce
E essa mistura ficou animada,
por causa de Twist and Shout...
e meio melancólica com Words Of Love....

E quando misturei junto aos sonhos eróticos e ao sangue,
a coisa ganhou mais cor...
era preciso levar ao freezer...
mas como não gosto de coisas geladas.
deixei esfriar à temperatura ambiente...

E quando fui ver pra servir tinha fracassado,
e comi tudo sozinha.
não se serve esse tipo de poema para as pessoas.
Lastimo, podia ter sido um bom poema
se eu tivesse à risca seguido a receita.


O medo que não tenho

Há algo do lado de lá.
Pode estar la ha muitos anos,
e nossos olhos não viram...
Pergunto-me então, o que mais não temos visto.
ou pode ser recente
surgido de um movimento das placas 
tectônicas... notícia em primeira mão...
mas não... não acho que nada seja assim tão recente.
Tudo já existe...
tudo só está se modificando,
Não somos nós nos adaptando ao mundo,
é o mundo se adaptando a nós.
A nossa voracidade
a nossa decadência
a nossa ferocidade.
O ser humano é muito feroz.
O ser humano traça as falhas,
sem nunca aprender com elas.
O ser humano despreza tudo...
Tanto e tanto que não vê o que está do lado de lá.
Eu também não sei o que há. Podem haver muitas coisas.
Mas eu sei que há muitas coisas
que poderão encantar meus olhos,
apetecer meus sentidos
e que poderão encantar meu vazio.
Eu sei que poderei aprender muitas coisas
ficar boquiaberta com as melodias que jamais escutei na vida.
Ou simplesmente com as borboletas que voam por todo o lado de lá.
Como aqui não há.
Eu vou pro lado de lá.
Eu sei que há muitas coisas...
Eu quero conhecer o que há...
Pelo menos esse medo eu não tenho.

domingo, 29 de dezembro de 2013

As flores na sacada dos prédios

As flores na sacada do prédio
olham para baixo
tão entristecidas
Loucas, loucas para
provar o chão
meter suas raízes
por dentro do asfalto
e sentir o chão
terra,
somente terra!
Não sei
acho que um dia desses
uma dessas flores
pulará  a janela.

Até espremer do coração a última poesia

Affonso,
Eu não sei como um homem  de
52 anos na cara
ainda senta diante de uma folha
em branco
para escrever poesia

Eu também não sei
porque diabos
uma garota de 24 continua
fazendo isso também

Eu também devia negociar
armas, alimentos
ser engenheira
quem sabe mãe...

Acho que é isso mesmo,
a gente não vai parar
até espremer a última poesia
do coração.

Ainda tem poesia Affonso?

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eu robô

Sonhei que haviam tirado-me os membros.
Substituídos por outras partes.
Anatomia modificada
Fios e circuitos no lugar de articulações
fluídos...nada de sangue.
Nada mais que segurança
para mim mesma.

Sonhei que haviam arrancado-me os pés,
braços, coxas, pernas e mãos
outra mutação, outra modificação.
Eu, robô.
E dentro do meu corpo,
esses compartimentos secretos
cheios de inteligência artificial.
Nocivas. Partes com pensamento próprio.
Pensamento se assim podia chamar.

Meus membros robotizados
não podiam me ferir.
Umas tais leis da robótica. 
Nunca ferir os seres humanos
Seja la qual for o principio
Nunca ferir humanos.

Castigo cruel me deram
substituíram a textura macia da minha mão
por um gélido metal
E o meu sentir e tocar
se tornou apenas uma lembrança 
em algum lugar do cérebro....

Eu robô
continuei.
Aos poucos desintegrei...
Fui-me enferrujando...
que serventia
tem para um poeta como eu
mãos de aço?

A um canto me misturei
com a sucata.
e a ferrugem me corroeu
mas me encontraram
e me refizeram...
Acho que fui amaldiçoada
com o ciclo infinito do existir...
Eu robô
despertei...
Daquele sonho..

E me toquei.
Que bom era o tato...
o sentir das minhas mãos.

A caixa


A minha caixa é um lugar confortável.
Tem travesseiros macios,
cobertores muito quente
Tem o John, e tem meu novo amigo Roger.
John é um urso de pelúcia, sempre muito solícito, meu melhor amigo,
sempre disposto a me ouvir.
E Roger, Roger é um boneco de fantoche
muito eloquente, com seus conselhos muito contumazes.
A minha caixa tem músicas,
fosse eu bonita,
fosse eu esbelta
certamente seria uma bailarina 
dentro daquela caixa.
Lá não chove, 
de lá de dentro não ouço vozes.
Lá dentro tem um paraíso.
às vezes eu me atrevo a sair da minha caixa.
John me traz a chave da corrente que prende meu pé lá dentro, e move a bola de ferro que não me permite caminhar.
E então eu venho cá fora ver o sol.
Ver as nuvens
e quando cá fora estou vejo pessoas.
E são esses segundos que estou cá fora,
que me fazem querer voltar para a caixa.
Quando cá fora estou 
me botam olhares
esperam coisas de mim...
Expectativas. Há algo que eu mais odeie do que isso?!
Volto pra caixa.
Para os travesseiros macios
e para os cobertores quentes.
John cuida das minhas feridas,
Roger me passa um sermão daqueles.
Tranquilo Roger,
Obrigada John. 
Já sei qual é meu lugar.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O pássaro que existia dentro do meu coração

Esse pássaro preso dentro do meu coração.
Já não sabe viver longe de sua gaiola.
Outro dia na praça libertei-o.
Tive pena. Sou culpado.
Mantive-o preso demais.
Ele andou, pulou.
Tentou içar o voo...
Tropeçou nas próprias perninhas.
caiu no chão e ficou...
agonizou por alguns minutos como 
se implorasse para que eu o trouxesse de volta
fiquei observando...
Culpando-me um pouquinho mais.
Tomei-o nas mãos.
Pobre bichinho.
Já foi tão delicado,
esse pobre passarinho...
Há um passarinho dentro do meu
coração.
Cinza, de bico dourado.
Eu lhe dei o livre arbítrio
Eu lhe disse escolha.
Parta ou fique aqui...
E o pobre bichinho
sequer abriu as asinhas...
sequer movimentou as patinhas
veio e prendeu-se dentro 
da gaiola...
O que é a liberdade para quem acostumou-se com 
a prisão?

Formação...

Minhas lágrimas vão fazer novo mar.
Vão formar novo oceano
e então terão utilidade.
Vai dividir novo mundo,
vai inundar novas paisagens
e nas minhas lágrimas
vão velejar
e surfar  e mergulhar

Minhas lágrimas vão chover
porque choro tanto e tanto
que vão condensar
e vão subir quente
e ao entrar em contato com a superfície fria do ar
vão chover
gotas  e mais gotas de lágrimas.
E estas serão doces....
e vão formar rios
e mais riachos
e terão peixinhos.

Minhas lágrimas vão me secar
Me esvaziar...
Em pouco tempo
Eu encherei oceanos e mares e rios
e ao fim ficarei vazia.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Diário da Solidão

Eu vou salvá-lo. Aguarde só um momento, deixa só eu me preparar. 
Caneta, lápis e papel em branco - minhas armas especiais.
Eu sou um tipo de heroína que colhe palavras por aí,
colho também sentimentos, deve ser mesmo por isso que sou assim. 
Bem agora. Deixa cair sua lágrima.
Eu vou pegá-la. Confia em mim, é só soltar, é só chorar, prometo não deixar transbordar.
solta esse amor que te faz tão mal.
Pode ir caminhando. 
Não olhe para trás. 
Eu vou lutar contra esse monstro.
eu tenho uns poderes especiais.
Baby, depois será só poesia.
Eu vou salvá-la da melancolia,
da tristeza, da saudade
dessa vulnerabilidade 
e você poderá até sorrir.
Deixe todas essas coisas comigo,
todos esses olhares cabisbaixos,
dou conta disso.
Com um pouco de carinho e será arte.
eu tenho um depósito perfeito para isso...

Chama-se Diário da Solidão.

Psicose

psico pessoas
psico osmose,
psico rápido,
psico dia,
psico ano,
psico amor
psico trânsito
psico natal
psico mal
psico bem
psico tia
psico mãe
psico eu,
psico gata
psicopata.



Brevidade

As coisas realmente são breves.
hoje era ontem
e amanhã se tornou.
Passou rápido
acabou
e parece que eu acordei.
me preparei para o banho
e quando voltei
o mundo já tinha acabado.
As coisas boas são breves
as coisas são efêmeras.
Tudo passou tão rápido diante dos meus olhos
e eu percebi
que não tinha nem uma historia para contar.
E quando minha sobrinha me olhou
e pediu: tia me conta uma história?
Então... inventei...
"Era uma vez..."
e mesmo aquele interlúdio foi breve.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O que ninguém encontra

Cientistas encontraram nova espécie de animal sob o gelo da Antártida.
Encontraram outra espécie de planta na África subsariana
Na Amazônia uma nova tribo de índios
que viviam completamente isolados da presença humana.
Cientistas encontraram anteontem a cura
Cientistas encontraram também nova forma de vida em Marte.
E um cara que não era cientista
Encontrou uma nova espécie de humano,
que sobrevivia do lixo e da imundície.
Que vivia com tão pouco e nunca soube o que era
a droga dessa literatura, ciência... esse mundo
de pessoas que teimam em ter instrução
mas varrem o que não os agrada para baixo do tapete
E mais ainda descobriu que isso não era simplesmente
uma nova espécie.
Era uma mutação do homo sapiens sapiens sapiens sapiens.
Como bem dizia Darwin,
é a seleção natural que nos torna mais forte.

-Uma puta evolução.

Qual é a data exata?

Isentou-se da descoberta.
Não quis mostrar quem era.
rabiscou o final do papel.
Reverberou um anseio
repetiu milhões de vezes
êxtase, frenesi da alma.
que passa sempre por todas as idades
e por todos os níveis de amor.

Permaneceu cálido.
Talvez bebesse uísque! Será?
Talvez tratasse de um bêbado a esconder seus anseios.
Em anonimato permaneceu.
Mas dizia: Vou ao teu encontro.
Quem vem?
De onde vem?
Saberei eu esperar?

e apesar da leveza,
do conforto que dá a promessa
lembrar-se, ele para sempre lembrará
o que estava ao alcance do poema...

Mas eu não sei quem era...
Nem a data exata apresenta.
Então de te lembrar,
eu estou isenta.

Se pelo menos tivesse assinado o final do papel....

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Cortinas ao vento

O que acontece
Quando a gente fecha os olhos
Por um segundo
E o impossível acontece?
A gente mantém a calma?
Sabemos nossos nomes?
Nós apenas seguimos em frente.
Porque o impossível é um caminho
E no fim a lógica é esperar que tudo vire passado.

E nesses momentos
Em que os olhos estão fechados
Permitindo o impossível acontecer
A gente se esquece de respirar.
E na imagem
Dentro da cabeça
Tudo são apenas retalhos
Do tecido da vida que
Se une.

Resta-me o sorriso,
Costurar todos os retalhos.
Do meu impossível vou fazer uma
Cortina para quando o vento a balançar
Leve para algum lugar

A certeza de que o impossível acontece.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Deve chamar-se tristeza


Deve chamar-se tristeza,
não sei.
Não a chamei, mas ela veio
e sentou-se na minha cama.
Ladainha de quem me ama.
Sem ter nada para me oferecer

Chama-se tristeza,
ou saudade.
Ou calamidade
Ou moça bonita
Reflexo da minha loucura.
Se mamãe soubesse...
Chamaria de alguma coisa.
Mães sempre sabem de tudo.

Deve chamar-se tristeza.
E me vem por se reconhecer em mim
nas minhas vísceras a amostra?
Ou na minha beleza escondida?

Não sei por que vem,
por que chega
nem como se chama.
Mas toda vez que me corre uma lágrima no rosto
Eu digo e praguejo.
Maldita tristeza,
E ela se enrosca nos fios do meu cabelo.

Talvez tenhamos perdido a oportunidade

Andávamos para nos encontrarmos
Tu e eu.
Talvez na mesma direção
Eu sustentava a vontade e até um pouquinho de fé
mas sobre você eu não sabia

Talvez você acreditasse em alguma história
Talvez tivesse uma meta
Sonhasse com um porta-retrato na sala de estar.
Eu não sei. Não te conhecia.

Mas andávamos desde de ontem
para nos encontrarmos algum dia
talvez já tivéssemos nos visto.
Pela rua
pelas manhãs
pelos cafés.

Talvez tenhamos perdido a oportunidade.
Eu olhando a segurança do chão.
Você buscando sempre a beleza das estrelas
Talvez, meu bem, tenhamos perdido a oportunidade.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Eu nasci do estalar de dedos


Tudo nasce do nada.
Nasce do pontinho de nada no orvalho do teu olhar.
Coisa que o vento sopra como uma saudação,
que emerge e multa neste verão,
e hiberna no próximo
inverno.

Tudo nasce do nada.
É a criação,
Um "olá" desesperado.
Milhões de estrelas no céu...
De qual delas será que eu vim...?

Corro para os braços da primavera,
como folhas de outono me encontro no chão.
Não vejo florescer flores...
Nem seu desabrochar
porque tudo nasce do nada,
e espero o nada chegar
para ver se nasce alguma coisa.

E talvez eu poderia perguntar a cerca de mim,
Sobre os pés e os braços...
de onde vim ou para onde irei...
Mas tudo nasce do nada.
E nada nasce do tudo.

Eu nasci do estalar de dedos.

Plac...
Eis-me.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Inevitável

A minha ideia de morte.
cortar os pulsos definitivamente
em baixo do chuveiro
a portas fechadas
passada a chave.
Enquanto as águas caem sobre mim
encharcam meus cabelos
e meu sangue é levado para o ralo do banheiro.
Um corte vertical em cada pulso.
Violando minhas veias,
Interrompendo o fluxo de vida.
Sentir o próprio corpo tentando
desesperadamente conter a pressão sanguínea
em vão.
Relaxa organismo, eu não to pedindo permissão.
O sangue esvaindo.
É quase romântico,
uma morte vermelha.
Meio sossegada.
Nua.
do jeito que nasci,
quero morrer.
Acho muito congruente,
devolver
o que um dia eu recebi
sem querer.
Obrigada
mas isso não me valeu de nada.
O que sei de certeza
é que mais cedo ou mais tarde
Isso vai acontecer.

Un anuncio en el periódico de la tarde.


Necesito que me cuides
que me ames sin juzgarme
que acepteme como yo soy
como una niña perdida
o una mujer que ya no encuetra a si misma
necesito que me abraces
pero que no me sufoques
necesito que me calles
pero que no me molestes
necesito que me llame
y jamas que me grites
que me segure las manos
pero que jamás me maltrate.
que me conosca
pero que no me abandones.
Y es por eso que estoy fijando
este pedido en
una nota de periódico
.


Eutanásia

Meu lugar, 
quem dera fosse com os sãos
com esses que sentem bater o coração.
Mas estou confinada,
numa cama amparada...
e um aparelho marca as batidas 
dentro do meu peito.

Já é tarde da noite
noite já virou madrugada
e eu sei não resta nada,
a não ser relembrar

E presa nesta lembrança
eu me sinto igual criança
sem ninguém para segurar minha mão
e nesse momento eu tenho medo da escuridão.

Não vivo mais.
Não respiro mais sozinha.
Há algo que me faz respirar.
É algo de fora que me faz viver.

E isso não tem nada a ver comigo.

Por piedade,
por humanidade.
Desliguem por favor
esses aparelhos.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Vem comigo ver o céu

Calma, vamos devagar
tenho certeza que era por aqui.
Segura minha mão,
não aperta, não adianta ter medo.
era por aqui...
Não, não vou me perder.
Já estamos perdidos...
Não, não, não foi isso que quis dizer...
Nós não estamos perdidos.
Droga! vai chover.
Pensando bem que importa!  a chuva nem chega
até aqui.
Hã?... Isso. São prédios.
Pessoas. Pessoas moram aí.
Sim...
sobem até lá pelo elevador.
Não sei se é tão glamouroso assim.
Opa, por aqui,
eu tinha certeza que era por aqui.
Sou ruim de localização,
mas um lugar desses eu não ia esquecer!
Você vai adorar..
é algo que seus avós viram a olhos nus...
assim de pertinho.
Como descobri?
Bem, andando por ai, por onde não é permitido.
Eu...
Minha nossa! Encontramos.
Feche os olhos um minutinho...
ouça minha voz.
Me siga.
Agora! abra os olhos!
Uau mesmo. Isso é o céu.
e aqueles pontinhos, estrelas.
Não sei...
Algum estúpido
teve a grandiosa ideia...
de esconder o céu,
adiante dos prédios!

Concerto

Ouvir a música tocada no piano
enquanto a chuva caía lá fora,
batendo pesadamente na janela
entrando em concordância com a melodia
O concerto mais lindo que já existiu
que já vi
e ouvi.
Os trovões no céu
som grave, som forte
como a melodia de um violoncelo
e os raios iluminando tudo
para cá e para lá como se fosse um grande maestro
e se acentuava...
e se aproximava do clímax
onde o piano, os trovões e a chuva se emocionavam
e tocavam com todo esplendedor
se completando, em tal concordância
que meu peito se encheu de emoção
e meus olhos transbordaram
e eu eu chorei.
Mais um som... meus soluços
 faziam parte daquele concerto.


Era chuva, mas eu vi a neve.


-Está nevando lá fora. -eu digo.
Você olha pela janela.
é noite. E chove.
mas não está nevando.
Mordo os lábios.
Tremo.
eu tenho esses surtos psicóticos.
Que eu acho minha mais sublime lucidez.
Não está nevando- você diz.
Eu insisto na neve.
Insisto que está frio.
Peço algo quente para tomar.
Você começa a se preocupar.
Eu falo dos flocos de gelo...
Que maldito frio eu sinto.
Me agasalho...
E fico olhando da janela de vidro.
a neve caindo la fora.
Escrevo no papel sobre a neve.
E você lê...
E depois olha pra fora.
Mas não neva, chove.
Mas a minha descrição da neve foi boa
quase te convenceu.
E você fica na dúvida.
É neve ou é chuva?!
Eu digo que é neve.
Você diz que é chuva.
Eu acabo de me tornar uma psicótica
que vê coisas que não existe.
Mas é tudo minha imaginação.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Efeito dos ludistas



estou sendo
erroneamente esta estúpida máquina.
mãos: inábil maquina de escrever,  usuária de dedos longos e feios. Mecânica.
Olhos: Máquina de olhar, mirar, ver, observar, gravar. Sem o recurso de replay.
Boca: máquina de beijar, falar, gritar..
Cérebro: Sala das máquinas. Comanda tudo
Mas há dias em que invadem aqui...
uns ludistas entram aqui no pátio do meu corpo.
Paus e pedras nas mãos...
por sorte queiram destruir essas máquinas
e gritam: Está na hora de se tornar mais humana.
Vivo constantemente uma revolução industrial do meu próprio pensamento.