sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A arte da vida

Acordou como um miserável.
Mas às cinco da manhã quem não é?
Levantou-se bêbado, havia deitado bêbado
Mas não era álcool
eram os seus sentidos que estavam bêbados de tantos outros sentidos.
Sentia-se sujo e enjoado
embora estivesse limpo e sadio.
Sentia uma pontada de tédio porque via números por todos os lados.
Faltava-lhe a ilusão.
Então veio o dia bater a sua porta!
E mais um dia e outro dia...
E quando olhava os dias passando vagarosamente naquele calendário,
sentia que a coisa toda era pequena.
E que não havia mágica.
Olhou as cores laranjadas daquele entardecer.
Tão atraentes e entendeu a arte.
A vida saía nua do banheiro
andando para lá e para cá.
Era isso. A vida era nua, e ele havia tratado de vestir.
A vida nua era a arte.
A arte nua da vida.
Mas a sua vida ele já havia vestido demais.
Então no seu jardim no fundo do quarto
Um jardim de plástico
com flores de plá
stico
Tanto mundo moderno...
esvaiu-se em sangue sobre suas flores.
Era a vida voltando a ser arte.
Era um homem aprendendo novamente a fazer as pazes com a vida...
Embora soubesse
que tudo havia acabado.

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