sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Pelo sol



Não tenho a pretensão de que lembrem de mim.
Já houve vezes em que antes do amanhecer já haviam me esquecido.
"Qual é mesmo seu nome?"
Eu dizia e aquilo não iria fazer diferença.
Me levava em casa. E me confirmava o telefone para caso algo desse errado.
Nunca dava. Nunca lembravam e eu sempre esquecia.
Porque eu era meio que um mosquitinho
Grudado no para-brisa da vida.
Ela tentava me tirar de lá.
Mas havia algo que me fazia ficar.
Rindo. Miséria.
Mesmo que eu não estivesse resistindo.
Eu era meio que um borrão
Que não podia ser enxergado.
Uma sombra que se misturava as outras sombras
Sempre que a noite permitia.
Eu era algo para ser esquecido.
Melancolia sentida pelos bravos.
Pequeno paradigma do deserto.
Morreria uma hora.
De dor ou de sede
Eu era um vazio comum.
Um asterisco sem nota de rodapé.
Eu era algo para ser esquecido.
Eu apenas não queria esquecer
quando o sol estava assim.
Alto.
Brilhante
Acariciando meu rosto.
Aquilo era realmente
Muito bonito
Pra ser esquecido.

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