segunda-feira, 17 de março de 2014

A buzina


Vez ou outra,
outra vez,
algo me tira da letargia...
quantos compridos tomei?
Para dor de cabeça ou pro tédio.
-Não sei.

É um barulho de coisas passando.
As coisas passam,
e vão e não ficam,
e se deterioram e são trocadas
por outras coisas
que também não ficam e passam
é um ciclo infinito
Mas elas tem o mesmo barulho
O barulho imprestável de coisas.

Eu caio no meu ostracismo
eu reclamo do meu cataclismo
e adormeço aqui dentro de mim.
Eu canso das lutas,
eu canso de sofrer.

Mas vem outra vez o barulho
e eu acordo de novo nesse mundo.
Sem ter nem porquê.
Nem pra quê.
Eu fico ai
um zumbi sorridente...
Mal sabe essa gente,
que eu tenho um sorriso treinado
na minha cara
pra cada um.

E eu vou caindo, e caindo
e fecho os olhos,
Não é sono, não adormecer...
Eu estou me escondendo
cá dentro de mim

E então vem de novo
o barulho,
que merda!
Eu levanto e fecho a janela.
Que as buzinas dos carros
não atrapalhem mais
o meu alheiamento do mundo.

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