quinta-feira, 6 de março de 2014

Nós

Telefone toca às nove da manhã
e o mundo acordou tão cinza...
A música do telefone fala sobre o mito das canções de amor.
Espero chegar até a parte que eu mais gosto
e é nesse momento
que a música tão triste
que é meu alento
termina.

Então eu retorno.
-Olá,
como vai?
"não tão bem",
-e meu pai.
"Não sei, saiu".
-O que houve?
"está chovendo".

-Mãe aqui também chove.
O céu está frio. Meu corpo também está frio,
Não, não comi. To sem apetite.
"Pelo amor de deus vá comer".
-Ok.

Então ela suspira.
Silêncio que entre nós duas delira.
Distância que nos aproximou.
Nós duas nos quebramos.

Então outro suspiro.
U"m dia assim eu não queria acordar"...
Diz-me ela. Sem medo de dizer.
sabe que eu entre todas as pessoas não vou reprimir.
Sabe que dela eu sempre aceito
o que tiver de vir.
Inclusive o adeus.

"Isso tudo é em vão. Veja o mundo, nada faz sentido, viver acordar, levantar.
esperar.
É triste. É triste. Filha viver é muito triste".

Diante da fraqueza de quem já me oprimiu.
de quem ja me magoou
de quem já me bateu.
Eu não sei como agir.
Eu calo, suspiro.
E sinto o horror me confortar.

Então eu penso,
Talvez se você tivesse feito
o que deveria fazer sem orgulho,
eu seria teu chão.
E você minha almofada.

Eu deixo minha lágrima correr.
E juntas choramos
sem nenhuma das duas saber.

"Preciso desligar,
seu pai vai ja chegar.
Tenho almoço pra fazer".

E a recomendação de sempre.
"Não esqueça de comer".

No fundo eu acho que isso é um "Eu te amo".

E então eu percebo
para pessoas como nós
a distância é mais real
proximidade

Um comentário:

  1. Você tem uma facilidade para colocar palavras no papel e lágrimas nos olhos de quem as lê...

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