domingo, 27 de abril de 2014

Convertido em um corvo

Abri o peito.
às vezes o dia fica assim bonito,
céu azul
sol quente.
às vezes penso que meu pássaro tem de
ser livre.
Não um simples prisioneiro em mim.
Meu corpo é sua limitação,
uma prisão macia,
ainda assim uma prisão.

Então o deixei sair.
provar da liberdade rotineira
do espaço pra voar que pode ser grande demais.
Ele andou um pouquinho,
abriu as asinhas
e voou.

Eram cinco da manhã quando ele retornou,
eu deitada de bruços e ele
abriu um buraco nas minhas costas e
entrou.
Mas já não era um pássaro comum
havia se convertido num corvo.
Pobre do meu passarinho,
tornou-se também um devorador.

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